sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Dependência high tech

Um dia, fechei a minha página do Twitter, desliguei o computador e imediatamente peguei meu celular para verificar o que tinha de novo no Twitter. Foi algo tão inconsciente, que quando me dei conta desse absurdo, fiquei assustada. Isto me alertou para o quanto eu estava dependente da tecnologia.

Me lembro de ter feito, lá pela sexta ou sétima série, um trabalho sobre vulcões. Foi o primeiro trabalho digitado que realizei para a escola, mas como fonte de pesquisa utilizei a antiquíssima Barsa. O computador que meu pai tinha em casa era provavelmente um 386 e tinha a famosa tela com letrinhas verdes! Nessa época, eu ia para a escola de ônibus, sem celular, e isso era muito normal!

Hoje, não saio de casa sem meus dois celulares, sendo que em um deles recebo informações sobre novos emails em três caixas postais, atualizações do Twitter, inclusive especificando se alguém citou meu nick ou se alguém me enviou uma "direct message", atualizações do Facebook e se alguém fez algum comentário em um dos meus três Blogs. Não existem surpresas nesse ramo para mim. Abrir o computador em casa é só para atualizar o Blog, ler notícias ou ver alguma outra página da internet. Apesar de que, já descobri uma forma de atualizar o Blog direto do smart phone!

Essas "facilidades" me causam uma certa ansiedade, pois a cada minuto olho para a tela do gadget, e quando não vejo nenhum "asterisco vermelho", referente às novidades e atualizações das diversas funções que utilizo via celular, sinto algo como um vazio... Sem brincadeira. E essa situação se repete durante as refeições com meu marido: ele com um iPod e eu no meu celular, ambos geralmente no Twitter. Estamos começando a nos policiar quanto a isso. Afinal, casamento virtual não é tão emocionante quanto o ao vivo!

Já existem terapeutas especializados no tratamento de viciados em internet e até existe em Londres um hospital para viciados em tecnologia, ou seja, pessoas viciadas em jogos e sites de relacionamento. Especialistas alertam que os principais sintomas são a necessidade de estar conectado à internet o tempo todo, a falta do convívio social e a utilização do computador como forma de fugir dos problemas.

Por alguns instantes, fiquei com medo! Parei para pensar se realmente estou viciada no Twitter. Eu sei que seria um pouco diferente, mas sei que consigo sobreviver sem a conexão, sem o Twitter e sem os emails. O que mais me preocupa é que se estou com o celular na mão, dificilmente consigo evitar de verificar o que está acontecendo nesse mundo virtual.

Há algumas semanas, derrubei uma jarra de limonada que lavou a casa, inclusive o meu smartphone. A placa do teclado está um pouco melada e com pequeno início de sinais de oxidação. Consigo utilizá-lo como rádio e telefone, apesar da enorme dificuldade de fazer o "0" aparecer. E para escrever, as letras q e a e a tecla delete estão significativamente danificadas. Preciso muito levar para alguma assistência (a Nextel não faz esse tipo de serviço pois afirma que é mau uso, mesmo que você queira pagar, eles não limpam a placa). Preciso apenas achar um aparelho de rádio para colocar o meu chip, e abandonar o smartphone por uns dias.

Sinceramente, penso nesses dias sem o gadget quase como um "retiro espiritual"! Não estou me esforçando para encontrar essa assistência ou para encontrar um aparelho de rádio, mas estou animada para ficar sem essa tecnologia ambulante no meu bolso. Não sei explicar muito bem, mas é como se fosse uma chance de eu provar para mim mesma que não estou viciada nesse pequeno pedaço de plástico com super poderes! E, convenhamos, ficar sem o smartphone por ele estar na assistência é bem menos dramático do que ficar sem o mesmo por você esta na "rehab"!

ps: Assim que finalizei este post, liguei para o meu pai, e consegui um outro rádio (sem funções extras) para enviar o meu para o conserto...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

As nossas fotos

Vira e mexe, me pego gastando muitos minutos em fotos de pessoas que mal fazem parte do meu cotidiano, admirando-as, sonhando em estar naquele contexto, cobiçando aquela vida. É como se eu entrasse em transe. Quando me dou conta, não chequei os emails ou não vi as atualizações que queria ver, e aquelas fotos, ou melhor, este meu ato contemplativo só me fez mal.

Geralmente são cenas de casais felizes, com uma luz mais amarelada ou então uma foto em preto e branco, em alguma praia ou montanha, cenário de uma viagem. As pessoas da foto sorriem, estão bem, tem dinheiro e não tem com o que se preocupar. Viajam bastante livremente colecionando fotos, kms, carimbos nos passaportes... e por aí vai a minha imaginação.

Daí volto o meu pensamento para as fotos que tenho com o meu marido. Tento lembrar das fotos de viagens. Não viajamos muito. Nossa máquina não é muito boa então não tem aquela luz perfeita amarela. E mesmo as fotos que estamos juntos, sorrindo, parecem não ter aquele glamour das fotos alheias. Porquê?

Isso, por mais infundado que pareça, já foi motivo de pequenas crises na minha vida. Confundindo o imaginário com o real passei a questionar "itens" de um relacionamento de mais de cinco anos baseada simplesmente em fotos de pessoas quase estranhas, sorrindo, que para mim, por um lapso, se tornaram o maior exemplo de matrimônio.

Talvez tenha sido inconscientemente por este motivo que resolvi colocar as fotos mais bonitas que tenho com meu marido, na porta da minha geladeira, que fica praticamente na sala. Selecionei fotos do casamento, um poema que ele escreveu que eu amo e umas fotos de uma viagem. Todas com uma imagem perfeita, com o céu mais que azul e um mar de dar inveja ao céu! Todas mostram momentos felizes que vivemos.

Mas será que alguém poderia parar em frente à minha geladeira e começar a mesma divagação que fiz com as fotos alheias achando que somos um casal exemplo, com uma vida perfeita, sem problemas, por causa da qualidade daqueles retratos? Creio que sim. E, também acredito, que seja apenas uma questão de exercício para que chegue o dia em que as fotos "exemplares" não significarão mais do que apenas uma boa imagem para mim.

Aquela história de que a grama do vizinho é sempre mais verde distorce a visão do que realmente é seu. Em algum lugar do nosso DNA foi implantado um sentimento, seja pela criação, seja pelo mundo capitalista, de que o que é do outro sempre tem mais valor. Esta reflexão das fotos nunca mudou meu amor pelo meu marido, mas deixei que ela plantasse uma possibilidade de que o que os outros têm é melhor. Triste.

Hoje, um pouco mais livre e madura, consigo parar diante das nossas fotos na geladeira e me perder no tempo. Mesmo sabendo de todas as dificuldades, discussões e dissabores pelos quais passamos, nas fotos, vejo um casal feliz, apaixonado, com sonhos, e com apenas um defeito: tirar poucas fotos!



Foto tirada pelo celular de um amigo (Nina ou Sal) num dos momentos mais especiais da nossa vida: pela primeira vez, entrando no nosso apartamento! Fiz questão de postar essa foto pois reflete bem nosso "universo fotográfico": pouca qualidade, mas sem deixar a desejar nem um pouco no valor emocional!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Paixão x Profissão

Estou passando por uma fase de transição da profissão para a paixão. Essas duas palavras sempre se relacionaram na minha cabeça, mas ainda não tinham feito o mesmo na vida prática. Gosto do que faço, mas é um gostar racional, se é que isso é possível! Faço com excelência, com conhecimento, com estudo, mas isso não me satisfaz.

Considero a idade de 17 anos um tanto precoce para se decidir a profissão que regerá boas horas da sua vida. Mas, talvez por falta de outra alternativa, aos 17 anos, foi o que fiz. Decidi uma profissão que regeu os 10 anos seguintes da minha existiência. Fiz pós graduação, trabalhei na área e estou cursando atualmente o mestrado. Mas constantemente me pergunto onde está a paixão.

Segundo o dicionário Aurélio, profissão significa emprego; trabalho; ofício, e um dos significados de paixão, de acordo com a mesma fonte, é "estar apto para". Portanto, minha profissão é fisioterapeuta e assistente financeira. E a minha paixão, estou descobrindo com mais maturidade somente agora, à beira dos 28 anos!

Sempre tive paixão por escrever e paixão por música. Escrevo poemas e textos diversos desde muito nova. Inclusive, acho que lá pelos 7 anos de idade, escrevi um livro! Depois na adolescência, em uma fase mais melancólica, regada a Fernando Pessoa e Cecília Meireles, montei um livro com todos os meus poemas para presentear uma amiga.

Então, por que escolhi me graduar em fisioterapia? É certo que também passei boa parte da infância fazendo fisioterapia, mas era tão chato que não sei se serviu de incentivo. Apesar de não ter idéia do que me motivou, não me arrependo totalmente de ter feito essa faculdade pois lá ingressei no mundo da pesquisa científica, onde aprendi muito sobre bastante coisa da vida!

Nada relacionado ao estudo considero como perda. Vou finalizar meu mestrado com muito afinco. Vou iniciar a faculdade de jornalismo como "mestre em ciências da saúde" e com um bebê recém nascido! Vai ser difícil, vai exigir muito esforço meu, do meu marido e talvez de algumas pessoas ao nosso redor. Mas se estou apta, ou seja, tenho paixão para ser jornalista, não quero continuar a vida apenas com o ofício de fisioterapeuta.