sábado, 15 de maio de 2010

O Vigésimo Oitavo

Já ouvi falar, de gente que estuda os planetas e suas relações com o destino da vida aqui na Terra, que a cada 7 anos, encerramos um ciclo, e aos 28 acontecem muitas mudanças. Não vou saber entrar em detalhes sobre o que ocorre nessa data. Também não vou fazer uma busca no google agora pra tentar embasar essa teoria. Vou apenas relatar a minha própria experiência.

Faço 28 anos em Agosto, portanto, já estou vivenciando os dias do meu 28o ano de existência por aqui. Desde que esse ano (o vigésimo oitavo) começou, tomei várias decisões diferentes, e até já relatei sobre elas em um post sobre a virada do ano. Foi nessa época que comecei realmente a cuidar da minha saúde, iniciando uma atividade física (corrida e Pilates). Voltei a trabalhar com Ergonomia. Decidi ter filhos.

Você pode até pensar que nada disso é radical ou significa alguma ruptura. Até então eu nunca soube exatamente o que iria fazer na vida. Me formei em fisioterapia. Faço mestrado em ciências básicas. Cuido do financeiro da empresa da minha mãe. E me especializei em fisioterapia do trabalho. Mas amo escrever e tenho um talento legal para cantar. Ou seja, uma miscelânia completa!

Meu rendimento vem basicamente da minha atividade como "analista financeira" e dos trabalhos, em regime autônomo, em ergonomia. Além de tudo o que faço, também cuido da casa (reestruturação financeira exige que eu aumente a minha lista de atividades). Mas não me sinto realizada. Ou não me sentia, não sei ao certo, estou descobrindo. Aí que entra o vigésimo oitavo.

No ano passado, decidi, dentro de mim, o que seria apenas para me sustentar e o que seria para minha realização. Entendi (finalmente) que nem sempre é possível unir os dois. Hoje minha renda não vem da minha realização, mas aprendi a gostar do que faço para sustento. Não quero sofrer e me deprimir para ganhar dinheiro. Acho isso um absurdo. Aprendi também a investir mais nos meus talentos. Criei esse blog, depois mais um, e estou ensaiando com uma banda (ainda beeeem no comecinho). Isso tem me ajudado a ver que tenho um valor!

Mas o vigésimo oitavo não influenciou apenas em como eu penso, ele estrapolou para as oportunidades. Com a história da gravidez, iniciei um outro blog, mais focado. A repercussão dele está me agradando demais! Estou fazendo um trabalho praticamente de jornalismo para alimentá-lo. Como me sinto bem com isso! Alimenta a alma! E, não foi só esse reconhecimento do blog que vejo como oportunidade, também recebi um convite para escrever em uma revista de bairro, nada relacionado ao blog. Esse convite veio aparentemente do nada, de uma pessoa da família que estava buscando alguém que escrevesse bem. Pra mim, foi como um convite para um emprego super bem remunerado!!!

E o tempo mexe tanto com a cabeça, que decidimos, eu e meu marido, engravidar. Sempre tive muita dificuldade de me ver como mãe, com uma criança no colo. Meu pensamento sempre foi bem individualista ao pensar em aumentar a família. Tinha muito medo. Um dia, num caixa de supermercado, o meu marido perguntou quando eu iria dar um filho pra ele. Aquela pergunta gelou a minha espinha e estômago! E não foi medo. Acho que foi a minha surpresa com o meu próprio pensamento, de que realmente era a hora de começar a tentar!

Não sei muito sobre os planetas, nem ao menos sobre as luas. Entendo o que vivo, o que sinto. Bem que isso, não sempre! Mas o fato é que os 27 anos passaram, e junto com eles, muitos pontos de vista sobre a mesma coisa foram modificados. Acredito na evolução, no amadurecimento. Acredito que para todas as coisas existe o tempo certo. E por isso, agradeço a Deus por poder chegar nesse vigésimo oitavo ano com tanta carga de aprendizado, com poucos traumas, com muita saúde, muitas idéias, muitas pessoas queridas ao meu redor, um marido não perfeito mas que me entende como ninguém, e que, segundo a minha mãe, é um santo por ter casado comigo!

Obrigada Deus, obrigada pela vida e pela possibilidade de gerar mais vida!

sábado, 1 de maio de 2010

Um cantinho só pra ser grávida e bipolar!!!

Pessoas queridas, diante dessa avalanche de informações nos últimos dias, achei melhor criar um blog apenas para tratar do assunto gravidez e transtorno bipolar, e que possa, de fato, ajudar outras mulheres nessa mesma situação. Me visitem lá também e indiquem!

http://gravidaebipolar.blogspot.com

bjinhos!

Decisões difíceis - medicamento para bipolar X gravidez

Ontem consegui passar em consulta com a minha psiquiatra. Deu pra ver nos olhos dela que situação difícil é a minha. Ela me falou que de todos os distúrbios psiquiátricos, o que dá mais trabalho quando a paciente quer engravidar, é o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). Acontece que os remédios para esquizofrenia, depressão e afins, não afetam o bebê. Mas os remédios para TAB afetam. Existe uma classificação dos remédios (A, B, C, D e X) com relação à gravidez que é a sgeuinte:
  • Tipo A: são aqueles indicados para grávidas, por exemplo, o ácido fólico.
  • Tipo B: tem estudos que demonstram que não há riscos para o feto (estudo em animais), também se aplica aos medicamentos que apresentaram algum risco para o feto nos estudos com animais, mas em humanos não demonstraram esses riscos. Ou seja, são medicamentos que devem ser prescritos com cautela.
  • Tipo C: estudos em animais têm demonstrado que esses medicamentos podem exercer efeitos teratogênicos ou é tóxico para os embriões, mas não há estudos controlados em mulheres ou não há estudos controlados disponíveis em animais nem em humanos. A prescrição desse medicamento é com risco.
  • Tipo D: existe evidência de risco para os fetos humanos, mas os benefícios em certas situações, como por exemplo, nas doençass graves ou que põem em risco a vida e para as quais não existe outra alternativa terapêutica, podem fazer com que o uso durante a gravidez esteja justificado, apesar dos riscos. A prescrição desse medicamento é de alto risco.
  • Tipo X: estudos em animais ou humanos têm demonstrado que o medicamento causa alterações fetais ou há evidência de aumento no risco para o feto com base na experiência em humanos ou ambos. O risco supera claramente qualquer possível benefício. Considera-se os medicamentos e substâncias incluídos nessas duas categoria de prescrição como sendo de Perigo.
O medicamento que eu usava se enquadra entre C e D. Então, as opções mais seguras agora, mediante à volta dos sintomas, é ficar sem medicamento algum por 3 meses, fase mais crítica do desenvolvimento do feto, ou tomar Haldol, que é um neuroléptico, antigo, que não afetará meu bebê. Mas existe grande possibilidade deste último causar diversos efeitos colaterais bem bizarros como rigidez muscular (dificuldade de mexer os braços), tiques, sensação de inquietação nas pernas, além de me deixar "abobada". Se optarmos (eu e o J, meu marido) que vou tomar o Haldol, a idéia da psiquiatra é iniciar a medicação com dose muito baixa para evitar ao máximo essas reações.

Passei na farmácia ontem e comprei o medicamento. É um medicamento bem acessível financeiramente falando. Em torno de R$4,00. Ontem à noite, chequei a bula, e não gostei nada do que vi. Nunca faça isso! Na bula tem até "morte súbita" como reação adversa. Mas só com o que a psiquiatra já havia dito que poderia acontecer, foi suficiente para me deixar na dúvida.

Em uma pesquisa na internet sobre grávidas e bipolares encontrei um blog (http://maebipolar.blogspot.com/), que a escritora passou pelas mesmas situações que vou passar. Ela optou ficar sem medicamento e sobreviveu! Além disso, respondeu logo ao meu contato e se colocou à disposição para me ajudar. Valeu, Di!

Existem algumas coisas que posso fazer, que sei pela experiência que tenho em ser bipolar, que pode ajudar. E pelo que tenho visto, é realmente algo para bipolar:

  1. Estabelecer uma rotina e seguí-la. Essa rotina significa ter hora para acordar, para trabalhar, para comer, para voltar pra casa, para fazer atividade física, ou seja, controlar o seu tempo. Não precisa ser maníaca nisso (?!), mas nós bipolares, precisamos ter controle sobre o tempo, se não, ele passa e nem vemos. Temos a forte tendência de nos perder.
  2. Realizar atividade física com frequência. Faço Pilates e antes corria Me alertaram que não seria legal correr nas primeiras semanas de gravidez, ou seja, parte do período que você nem sabe que está grávida. Então, parei de correr, mas vou voltar a andar, pois isso ajuda muito na liberação de endorfina, o que auxilia a diminuir o mal estar e as loucuras do bipolar.
  3. Dormir bem! Essa dica foi da Di. E realmente, não só bipolar, mas qualquer pessoa, precisa prezar por dormir pelo menos 6 horas, seguidas. Isso ajuda na recuperação de todo o organismo. É a hora da faxina! Os músculos se regeneram e o sistema nervoso também trabalha um bocado fixando informações e outras coisinhas mais.
  4. Ser compreendido (ou pelo menos amado!) pelas pessoas à sua volta! Essa é a principal dica. Conviver com Bipolar é uma grande aventura! Você terá não só um(a) filho(a), um esposo(a), um(a) irmão(ã), cada dia ele(a) será uma novidade! Então, é imprecindível que a pessoa com quem você convive tenha um conhecimento mínimo sobre TAB, e você precisa saber indicar quando o seu comportamento está sendo "regido" pelo transtorno. Saber diferenciar manhas, tpm e indignações com a vida de comportamentos sem fundamento, ou seja, movidos pelo transtorno é primordial.

Então, vamos lá! Por enquanto, sem medicamento.
Em breve, quando minha concentração melhorar vou organizar o outro blog, só sobre gravidez e bipolar.