sexta-feira, 30 de abril de 2010

Mulher em fúria..em frangalhos


Para começar a tentar engravidar, precisei parar de tomar um medicamento controlado chamado Lamotrigina. Tomava uma dose relativamente baixa (100mg). Fui diagnosticada com o Transtorno Afetivo Bipolar há uns 4 anos. Não tive grandes problemas na minha vida devido a essa doença pois antes mesmo de descobrí-la, eu já fazia terapia por opção. Parei o medicamento por orientação da minha psiquiatra há um mês, seguindo todo o processo de desmame. A princípio senti apenas tontura da abstinência, mais nada. Mas nessa semana, parece que toda a falta do remédio no meu organismo acumulou e começou a se manifestar.

Estou super irritada. Qualquer coisa é motivo para eu me descontrolar. Meu humor está péssimo. Minha cara amarrada o tempo todo. Um fato que normalmente seria super irrelevante para eu me sentir afrontada ou ofendida, está causando estragos na minha mente. Pela manhã, acordo ou com um sentimento de alegria ou com um grande desânimo. Ambos sem nenhuma explicação. E é só levantar da cama que os sentimentos já tomam outra forma. Não consigo ler pois não tenho concentração o suficiente. Trabalhos que eu faria em 5 horas, demoram hoje uma semana. Carrego um peso de angústia no meu peito por onde eu vou. Tenho a sensação de que precisaria me desvincular de todos os meus reais problemas e ficar no silêncio para tentar aliviar esse peso, tentar separar o que é real do que não é, mas não consigo esse silêncio. E toda essa miscelânia, faz com que os meus problemas reais ganhem outra dimensão. O que eu aturava fica insuportável. O que eu sei que era passageiro, vira companhia constante.

A minha vida parou. Talvez já estivesse parando e isso veio apenas para acelerar alguns processos. Não estou mais satisfeita com nada. Não me acho capaz de nada. Fico até com medo do plano de maternidade que fiz. Às vezes acho que não serei capaz. Mas também às vezes penso que me fará uma pessoa melhor. Apesar de toda a insaniedade do momento, tenho deixado esses pensamentos de lado. Consigo usar o pouco do racional que ainda tenho acesso, para separar tudo o que se refere a engravidar e colocar em uma gaveta cerebral. Não estou com capacidade para pensar sobre isso no momento. Tenho plena ciência de que o que estou vivendo é fase, fruto de uma descompensação química neuronal. E em algum momento, vai passar.

Estou passando por tudo isso pois optei por querer engravidar. Sou uma grande candidata a descompensações emocionais durante a gravidez e à depressão pós parto. Infelizmente sei dessa minha condição. Mas acho que apesar de todos os meus defeitos (inconstância, geniosidade,etc) tenho uma ótima qualidade: coragem. Tenho coragem de assumir minhas deficiências, coragem de pedir ajuda e coragem para dizer quando não aguento mais. E se comecei algo, mesmo que aos tropeços, sempre tenho coragem de retomar, e não vou desistir enquanto não chegar ao desfecho.

Então, coragem!

(Já tenho consulta agendada com a minha psiquiatra e estou aguardando o telefonema dela com alguma instrução mais imediatista!)


sexta-feira, 23 de abril de 2010

E não foi dessa vez...

Me surpreendi! Ou melhor, fui surpeendida por duas coisas: uma que eu não queria ter visto esse mês, a menstruação, que acabou vindo dia 21, e a outra, a minha reação.
Esse foi o primeiro mês de tentativas para engravidar. Como sei quando ovulo, achei que teria grandes chances. Mas, não contava com o fato do óvulo ficar apenas 24 horas disponível!
Por alguns dias, fiquei na grande espectativa de já ser mãe! E achei que iria me decepcionar e entristecer muitíssimo caso descobrisse que não foi dessa vez.

E não é que estou bem? De verdade! Estou me sentindo muito tranquila. Não perdi a chance de ser mãe, mas perdi a chance de passar o ano novo no hospital e de ter um filho que comemore seu pirmeiro aniversário na virada de 2011 para 2012, e isso, é facílimo de superar!!!

Me sinto privilegiada de estar vivenciando essas coisas bem nessa época que a Renner colocou no ar o comercial de dia das mães mais lindo e emocionante que eu já vi na minha vida inteira!

Agora, daqui uns 14 dias a saga recomeça. A ansiedade vai voltar. Mas, não vou fazer nenhum teste antes da hora, vou deixar os acontecimentos seguirem como a natureza quer. E, enquanto isso, vou curtir essa fase de tentativas, que não é, de maneira alguma, uma chateação!!!

Mãe

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ansiedade da espera


E ainda não encheu nem 2 mãos mais 1 pé de dias que estou tentando engravidar, e a ansiedade já está no nível quase máximo! E é uma ansiedade que considero a pior: ansiedade de esperar!
Nessa fase, a não ser que eu gaste um bom dinheiro (que hoje não tenho disponível), eu ainda preciso esperar uns dias para saber se de fato estou grávida.
Daqui 3 a 5 dias, a tal da "monstra", como dizem as meninas "tentantes" deveria aparecer. Aí sim poderei fazer um teste de gravidez para acalmar meus nervos.
Psicologico ou não, tenho tido muitas cólicas, o que é comum quando grávida. Mas só o tempo vai dizer.
Se o resultado for sim, vamos ficar muitíssimos felizes. Se for não, vou ficar muito triste, mas sei como continuar tentando!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Cada medo tem o seu dia

Estou a bordo do vôo Webjet 6759, de Curitiba com destino para São Paulo, aeroporto de Guarulhos. Sem medo de voar. Hoje é 07 de Abril, dia do jornalista, quarta-feira, e eu não deveria estar aqui!

No final de semana que passou, minha melhor amiga, Nina, se casou com meu cunhado, Jadson, em Curitiba. Pensando em unir o útil ao agradável, me ofereci para um serviço de ergonomia da empresa para quem presto serviços, na cidade de Araucária, 15km do centro da cidade que hoje deixo para trás.

O casamento foi lindo! Cheguei na quarta-feira passada para exercer um pouco o papel de madrinha! Desse dia até sábado, vivenciei muitos sentimentos da minha até então futura cunhada, muitos dos quais compartilhei no fundo do meu coração, afinal, meu cunhado é meu marido escrito em muitos defeitos e valores!!! E no sábado, esses sentimentos levaram a um desfecho lindo no casamento! Nunca vi um voto mais sincero e cheio de esperança, cumplicidade e amor do que o desses dois queridos! (Assunto para um próximo texto, com certeza, se minha cunhas permitir!).

A cerimônia foi em uma chácara. O sol resolveu dar as caras na hora certa, mas os borrachudos tiveram a mesma idéia! Ao final de tudo, minhas pernas e pés tinham sido devorados por esses mosquitinhos miseráveis. Mas achei que não passaria de uma coceira a importunação deles!

No domingo à tarde, meus pés começaram a inchar, especialmente o esquerdo. O que significou muita dor e impossibilidade de colocá-lo no chão já no domingo à noite, frustrando meus planos de iniciar o trabalho em Araucária na segunda-feira seguinte, às sete da manhã. Consultei um médico amigo da família da Nina no domingo e nessa mesma noite iniciei o tratamento com Celestamine e Nisulid.

Seguindo o que o médico havia dito, meu pé melhorou apenas na terça-feira de manhã, quando entrei em contato com a empresa para iniciar os trabalhos em Araucária. Depois de alguns acertos de logística, no final da tarde de terça-feira, os pais da Nina me deixaram no hotel Colônia, em Araucária. Ficaria até sexta-feira, tempo talvez insuficiente para todo o trabalho a fazer por lá. E foi aí que tudo desandou...

Chegando ao hotel, meu coração gelou. Seriam mais três dias e três noites longe de casa e longe de qualquer conhecido. Mas, afinal, eram apenas três dias. O hotel oferecia um café-da-manhã simples: pão com presunto e queijo e café com leite. Aí meu estômago deu as mãos ao meu coração e gelou junto! Além de não tomar leite, tenho muita fome pela manhã, e acho que o que temo muito no mundo é passar fome. Não é por nada que sou conhecida como sendo "magra de ruindade!". O jantar era em um refeitório fora do hotel, por 10,00R$, com buffet com pratos variados. "Ok!", meu estômago pensou!

Ao abrir a porta do quarto, de cara visualizei 3 beliches, 1 armário, 1 frigobar e 1 banheiro com uma ducha maravilhosa! Mas, meus planos para fazerem o tempo passar mais rápido, envolviam a confecção de relatórios de outros trabalhos. Mas não havia mesa ou escrivaninha no quarto. O jeito era arranjar um lugar ao chão, próximo de uma tomada.

Não sei dizer se foi café-da-manhã, se foram os beliches, se foi o fato de só ter homem hospedado no hotel (esse hotel atende aos funcionários terceirizados das empresas de Araucária, pólo petroquímico da região). Ou se foi o fato de estar longe das únicas pessoas que eram meus conhecidos no estado do Paraná. Ainda nem sentia tanta falta de casa. Não sei mesmo dizer o que foi, mas sei que caí num choro copioso por horas... Meus queridos amigos do Twitter tentaram me animar, e até me incentivaram quando disse que queria fugir!!! (Quando envolve sair correndo, eles dão o maior apoio!!!). Tentei cair no sono, mas um desespero tomava conta de mim, e me fazia chorar e soluçar cada vez mais. Pedi a ajuda de Deus. Tentei raciocinar que 3 dias não seriam difíceis de superar. Tentei pensar profissionalmente. Tentei lembrar dos 6 meses que passei em Joinville, SC, quando ficava 1 semana em Joinville alternada com uma semana em casa....

(vou ter que desligar, procedimento de pouso)

(...depois de um pouso meio balançado por causa do tempo feio, estou no Café Balloon pra esperar o ônibus pra Congonhas)

...mas nada funcionou. A única coisa que me acalmava era a idéia de voltar pra casa.

E naqueles momentos, no chão do quarto do hotel, eu tinha certeza de que quando estivesse aqui, em São Paulo, ficaria na dúvida de que poderia ter superado os três dias em Araucária, independente de hotel, de café-da-manhã ou de qualquer outro fator. De fato, me passa pela cabeça isso. Me envergonho de pensar que não consegui vencer esse medo que nem sei de onde procedeu. Me envergonho de assumir publicamente que fugi de um desafio, que desviei de um obstáculo, que me acovardei por causa de uma assombração que nem sei descrever o que era. Mas o fato é que hoje estou aqui, em Guarulhos, a apenas algumas horas de casa, e estou muito feliz!

Antes de regressar, enviei um email para a minha chefe, que, graças a Deus é muito humana, e corajosamente expliquei a situação assumindo a minha limitação. Com as devidas desculpas, dispus o meu mais alto profissionalismo para trabalhos em São Paulo, cumprindo prazos e confeccionando relatórios com qualidade. Isso é o que eu posso oferecer hoje.

Já foi a época de trabalhar fora de casa. Já foi a época de chorar por uma semana em um quarto de hotel, em outro estado, de saudades de casa. Já foi a época de aprender a me virar em uma cidade que não conhecia, descobrir onde comer, descobrir como (sobre)viver longe de todo conforto da minha vida em São Paulo, na casa dos meus pais. Já foi a época de conseguir passar esses 6 meses longe de casa a trabalho, e já foi a época de vencer todos os medos que envolveram essa fase!

Hoje, casada há quase três anos e meio, e pensando em aumentar a família, não quero mais pensar nesse desafio. Não quero pensar em "evoluir" vencendo esse medo de ficar longe de casa. Essa fase já passou. Quero evoluir vencendo o medo de ser mãe, vencendo o medo do parto, vencendo o medo das contas e vencendo o medo do futuro desconhecido que espera o meu relacionamento com meu maravilhoso marido depois que não formos mais apenas dois.

Existe tempo para tudo sob o sol, já dizia Salomão. E hoje, aprendi algo que nunca ouvi falar: também existe o tempo para deixar os medos vencerem. E tempo de escolher quais medos superar. Tempo de desviar de obstáculos, tempo de voltar atrás, tempo de escolher novos caminhos, tempo de desistir.

E hoje eu escolho novos medos! Hoje vou vencer o medo de escolher ser mãe e tudo o que envolve isso! Quem sabe daqui a 9 meses não venço alguns medos a mais?